sábado, 21 de junho de 2008

Enfermagem é...

Este post está completamente ao lado daqueles aqui habitualmente colocados, mas penso que este texto deveria ser lido por todos os profissionais, estudantes de enfermagem, doentes, auxiliares de acção médica, homens, mulheres, cães, gatos, periquitos, patos e demais bicharada. De forma a reflectirem acerca do que ainda hoje se passa nos nossos hospitais.


Enfermagem é…

É dar banho ao doente apenas com uma toalha, duas banheiras e um toalhete, destapando totalmente o doente, mas tendo sempre em conta o seu pudor.

É dizer ao doente que sempre tomou banho após o jantar que os banhos são de manha.

É dizer ao doente que não pode usar duas toalhas no banho - uma para o corpo e outra para os genitais - porque o serviço tem convencionado que deve ser usado apenas uma toalha.

É obrigar (ou quase) uma doente do sexo feminino a tomar banho na cama ou no duche com o auxílio de um enfermeiro do sexo masculino. Razão: a colega não se digna a trocar de doente, mesmo quando esta se manifesta claramente incomodada por ser um indivíduo do sexo oposto a lhe prestar cuidados.

É chegar-se à beira do doente ao inicio da manhã e acordá-lo porque tem que tomar banho, ignorando a sua vontade dormir. Apenas porque as coisas têm que ser feitas aquela hora.

É fugir dos doentes que estão deprimidos ou em estado de ansiedade e que precisam de falar e que nos chateiam com as histórias da sua vida. Atrevo-me a dizer que enfermagem além de fugir destes doentes é classificá-los como chatos.

É colocar uma fralda no doente para não termos a maçada de o ajudar a levantar para deslocar-se ao WC

É afirmar que um doente não apresenta capacidade para aprender e pôr em prática os ensinamentos feitos, apenas porque não temos a perseverança de os ensinar correctamente.

É rotular os doentes de chatos, melgas, difíceis, apenas porque fazem questão de nos perguntar sempre o que vamos fazer e porque vamos fazer.

É ir para uma enfermaria onde temos um doente em coma e enquanto prestamos os cuidados aproveitamos e pomos a conversa em dia com a/o colega.

É agir como se fossemos donos do doente a ponto deste ter medo de dizer aquilo que realmente sente.

É comentar com os auxiliares de acção médica o que se passa com os doentes, mas tendo sempre em conta o segredo profissional.

É insistir para que o doente coma uma refeição com um prato de sopa, segundo prato e sobremesa, quando o doente em casa come apenas um prato de sopa.

Esta é a enfermagem que infelizmente ainda se vê. É isto que é a enfermagem? Será que se fosse a nossa mãe ou o nosso pai que estivesse no lugar do doente íamos agir da mesma forma??

5 comentários:

Blueminerva disse...

Meu querido, tenho uma avó em casa acamada por sofrer de múltiplas mazelas. No mês passado esteve cerca de 5 dias internada no Hospital dos Marmeleiros por insuficiência respiratória. No dia da alta, eu estava na enfermaria quando reparei que a minha avó tinha as virilas e parte das pernas negras por descuido de higiene (fralda). Protestei e manifestei a minha revolta no livro de reclamações. Acredito que foi um episódio infeliz mas não hesitei em expressar a minha revolta com os profissionais de saúde que se encontravam em serviço. A minha avó já esteve internada variadíssimas vezes quer no Hospital do Funchal, quer no do Monte, quer no Trapiche, este último é quase um hotel, e no geral foi muito bem tratada pelo pessoal de enfermagem.
Um grande abraço e um bem-haja pela dedicação à tua profissão.

Carloressu disse...

é por essas e por outras que lanço este alerta. porque os profissionais de enfermagem, sabem prestar cuidados adequados ao doente, mas por um motivo ou por outro desleixam-se.
e convém sempre reclamar quando achamos que não fomos tratados convenientemente.
os enfermeiros estão ali pelo doente e nunca deveria ser o contrario.

sempre que ocorrem situações menos boas, reclamem, pq quem for criticado nunca mais repete o erro.

Anónimo disse...

essas situaçoes acontecem pk ha mt boa gente k ta onde ta pk ate ganha guito no fim do mes e n s xateia mt.. o k n devia ser. Como dizem cada galho no seu macaco, ou cada macaco na sua narina

Anónimo disse...

Caro colega e amigo. Sem prefeitamente akilo que te referes porque infelizmente tambem já precensiei situações como essas que descreves e sinto uma revolta tremenda pelas pessoas que prestam esse tipo de cuidados. Nós, o que podemos neste momento fazer, é ser diferente desses maus exemplos e lutar pelas pessoas que cuidamos e esperar que um dia façamos a diferença.

Anónimo disse...

eu sei o que é fazer de enfermeira, embora seja pasteleira!! lol minha mãe tb esteve muito doente, com um sindrome muito raro e ainda por cima quando ela estava gravida de oito meses. foram tempos muito dificeis e eu cuidei muito dela. passava quase todo o meu tempo livre no hospital porque as enfermeiras não podiam estar constantemente com ela. tb fiquei revoltada com algumas porque nem posiciona-la sabiam!!
mas eu compreendo que seja desgastante esta profissão. quando lá estava tb ajudava a cuidar de uma senhora com esclerose multipla, talvez eu até tivesse dado uma boa enfermeira, (tal como dizia essa senhora) mas a minha vida, e doenças e problemas que por mim já passaram chegam e as vezes são demais pa mim.
mas tenho muita consideração pela vossa profissão, exige muito sacrificio e dedicação

força! bjinhux